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Câncer dos órgãos digestivos
Essa categoria envolve vários tipos de tumores do aparelho digestivo.
Câncer de esôfago
O que é
São lesões malignas que surgem a partir de células que se multiplicam desordenadamente, normalmente as que revestem o interior do órgão. É mais comum em homens na faixa dos 50 aos 70 anos. No Brasil, ocupa o sexto lugar na incidência entre os homens e o 15º entre as mulheres.
Tipos mais comuns
Existem dois tipos mais comuns de câncer no esôfago. São eles:
Carcinoma epidermóide escamoso ou carcinoma de células escamosas: responde por mais de 90% dos casos no Brasil e está muito associado ao consumo de cigarro e álcool, sendo que o uso combinado dos dois aumenta significativamente o risco.
Adenocarcinoma: apesar de mais raro, houve um aumento dos casos. Ele começa nas glândulas secretoras de muco do órgão e está mais relacionado ao refluxo crônico, obesidade e fumo.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco estão relacionados à irritação crônica das células, que podem levar a danos no DNA celular, e incluem hábitos como tabagismo e etilismo. A condição conhecida como Esôfago de Barrett também é considerada um fator de risco e pré-cancerosa, já que as células do revestimento do esôfago já sofreram alteração por causa de refluxo gastroesofágico crônico.
Outros fatores de risco incluem: doença do refluxo gastroesofágico, obesidade, infecção por HPV, consumo de líquidos muito quentes, baixo consumo de frutas e vegetais.
Sintomas
Não costumam aparecer nas fases iniciais. Os mais comuns são dificuldade em engolir, sensação de obstrução à passagem da comida e perda de peso. O indivíduo pode ainda apresentar azia, indigestão, náuseas, vômitos, tosse e rouquidão.
Diagnóstico
Os exames para detectar esse tipo de tumor são a endoscopia digestiva e, em casos muito avançados, exames de imagem. A confirmação requer biópsia da lesão (geralmente feita na endoscopia).
Tratamento
O tratamento consiste na cirurgia para retirada do tumor, além de quimioterapia e radioterapia.
Câncer do fígado e das vias biliares intra-hepáticas
O que é
Também chamado de câncer hepático. O mais comum é o carcinoma hepatocelular, que surge nos hepatócitos, as principais células do órgão. Ocorre em mais de 80% dos casos e é muito agressivo. Outros, como o colangiocarcinoma e o hepatoblastoma, são muito mais raros. O câncer também pode aparecer em outro local, como cólon, pulmões ou mama, e se espalhar para o fígado. Nesse caso, trata-se de um câncer metastático.
Quando ocorre nas vias biliares, a enorme maioria dos casos são colangiocarcinomas, um tipo de adenocarcinoma, que são tumores que começam em células glandulares.
Sintomas
A maioria das pessoas não apresenta sinais nos estágios iniciais da doença. Eles podem incluir perda de peso, perda de apetite, dor abdominal superior, náuseas e vômitos, fraqueza e fadiga, inchaço abdominal, cor da pele e dos olhos amarelada e ainda presença de fezes claras.
Fatores de risco
Os fatores de risco são os mesmos relacionados com a doença hepática e cirrose (fibrose crônica do fígado), sendo os principais o consumo excessivo de álcool, infecções crônicas pelos vírus da hepatite B ou C e a doença hepática gordurosa não alcoólica (que tem com fatores de risco o diabetes, a obesidade, a dislipidemia ou colesterol alto e dieta rica em gorduras).
Prevenção
Evitar consumo de bebidas alcoólicas (não ingerir o equivalente a mais que um drinque ao dia, para mulheres, e dois, para homens), manter o peso saudável, vacinar-se contra hepatite B e adotar medidas de proteção contra a hepatite C, que não tem vacina e é transmitida pelo sangue e contato sexual. Se for diagnosticado com alguma dessas infecções, é importante procurar tratamento imediatamente.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito por tomografia computadorizada e ressonância magnética. O exame de ultrassom combinado com exame de sangue também pode ser utilizado. Em alguns casos a biópsia será necessária.
Tratamento
Dependendo do estágio da doença, o tratamento vai desde a terapia local (como ablação – procedimento pouco invasivo – ou radioterapia), cirurgia para retirada da lesão e, em alguns casos, transplante hepático. A imunoterapia é indicada em casos mais graves.
Câncer de estômago
O que é
Também chamado de câncer gástrico, o tipo adenocarcinoma é o mais comum e responde por cerca de 95% dos casos. Afeta, na maioria dos casos, homens entre 60 a 70 anos. No Brasil, é o terceiro tipo mais comum em homens e o quinto nas mulheres. Outros tipos de tumor, como linfomas e sarcomas, também podem ocorrer no estômago, mas são mais raros.
Fatores de risco
Incluem obesidade, tabagismo e uma dieta rica em alimentos extremamente processados ou salgados. Também ocorrem casos relacionados com exposição à radiação e compostos químicos. Algumas doenças pré-existentes, como gastrite atrófica, úlcera gástrica e infecção pela bactéria Helicobacter pylori, também aumentam o risco para desenvolver este câncer. Pessoas com parentes de primeiro grau com diagnóstico de câncer de estômago têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
Sintomas
No início pode não haver sintomas. Mais tarde, aparecem desconforto abdominal persistente e perda de peso. Outros sintomas possíveis são náuseas, azia ou indigestão, distensão abdominal, empachamento (sentir-se satisfeito depois de ingerir pequenas quantidades de comida), perda de apetite. Também ocorrem vômitos com sangue ou sangue nas fezes.
Diagnóstico
É feito basicamente por exames clínicos e endoscopia, bem como tomografia para avaliar a extensão do tumor. A biópsia é necessária (geralmente realizada através da endoscopia).
Tratamento
As opções de tratamento incluem cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Câncer de pâncreas
O que é
Mais comum após os 60 anos, no Brasil responde por apenas 2% de todos os tipos de câncer e por 4% das mortes. O tipo mais comum começa nas células dos ductos que carregam enzimas digestivas – o adenocarcinoma pancreático ductal, que totaliza mais de 90% dos casos. Mais raramente, surge nas células produtoras de hormônios. Por ser agressivo, é difícil diagnosticar nos estágios iniciais e tem alta taxa de mortalidade.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco são idade, diabetes, tabagismo e predisposição genética. Algumas mutações genéticas também aumentam significativamente o risco, como síndrome de Lynch e síndrome Peutz-Jeghers.
Sintomas
Normalmente não apresenta sintomas nos estágios iniciais. Quando surgem, os mais comuns são: dor abdominal que irradia para as costas, perda de peso e icterícia (pele e olhos amarelados). Pode ainda apresentar fezes claras, urina escura, perda de apetite e fadiga.
Diagnóstico
É feito por exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. O diagnóstico definitivo é realizado por meio de análise do tecido, que pode ser realizada após cirurgia, ou biópsia, em alguns casos.
Tratamento
Dependendo do estágio da doença, da extensão e do tipo de tumor, o tratamento inclui cirurgia (considerada a única opção com chance de cura), radioterapia e quimioterapia.
Câncer colorretal
O que é
É o nome para os tumores situados no cólon, a porção final do intestino grosso, ou no reto, a parte que se conecta com o ânus e onde as fezes ficam armazenadas temporariamente.
Mais comuns após os 50 anos, esses tumores têm características parecidas e costumam começar nas células de revestimento e, na maioria dos casos, trata-se de um adenocarcinoma que se inicia com um pólipo.
Sintomas
Alguns sintomas incluem desconforto abdominal, alterações nos hábitos intestinais (constipação ou diarreia), mudança na consistência das fezes (mais escuras, estreitas, com sangue) e sangue nas fezes, sensação de não esvaziar o intestino completamente.
Fatores de risco
Histórico de pólipos intestinais, doenças inflamatórias crônicas (como colite ulcerativa ou doença de Crohn), algumas síndromes genéticas (como síndrome de Lynch, Polipose adenomatosa familiar), histórico familiar, dieta pobre em vegetais, sedentarismo, obesidade, diabetes, tabagismo, histórico de tratamento com radioterapia no abdômen ou região pélvica.
Diagnóstico
A doença normalmente se desenvolve a partir de pólipos, que não costumam apresentar sintomas. Por isso, os médicos recomendam a realização de exames de rastreamento acima dos 50 anos ou antes, se o indivíduo estiver dentro de um grupo de alto risco. Os exames de rastreio incluem pesquisa de sangue oculto nas fezes e a retossigmoidoscopia ou colonoscopia, que diagnostica pólipos e câncer ao mesmo tempo. No próprio exame é possível retirar as lesões e fazer a biópsia. A tomografia geralmente é indicada como meio para avaliar a extensão da doença.
TratamentoDepende do tamanho e localização do tumor. Inclui cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No reto, a proximidade com outras estruturas pode dificultar a cirurgia. Atualmente, as chances de sobrevida são altas, especialmente se a doença for diagnosticada precocemente. No estágio inicial, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 90%.
Fontes:
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Nome original do Grupo CID: Neoplasias malignas dos órgãos digestivos
Categorias CID presentes no grupo como causa de morte:
C16 Neoplasia maligna do estômago
C18 Neoplasia Maligna do Cólon
C25 Neoplasia maligna do pâncreas
C22 Neoplasia maligna do fígado e das vias biliares intra-hepáticas
C15 Neoplasia Maligna do Esôfago
C20 Neoplasia maligna do reto
C26 Neoplasia maligna de outros órgãos digestivos e de localizações mal definidas no
aparelho digestivo
C24 Neoplasia maligna de outras partes, e de partes não especificadas das vias biliares
C19 Neoplasia maligna da junção retossigmóide
C17 Neoplasia Maligna do Intestino Delgado
C21 Neoplasia maligna do ânus e do canal anal
C23 Neoplasia maligna da vesícula biliar